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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Terceiro e Último dia do Congresso.




Hoje terminou o I Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde.
O meu dia começou com uma mesa sobre Desafios da gestão estratégica e participativa para os municípios sendo os expositores Washigton Couto (SESAB), Suzana Ribeiro (CONSEMS) e Natividade (SGEP/MS), portanto técnicos e gestores. Mais uma vez se reconhece a importância de dar organicidade a participação social através das instâncias de controle. Foram apresentadas experiências de avanço, tendo o estado da Bahia como fomentador de iniciativa como o MobilizaSUS, fortalecimento e proliferação de experiências dos munícipios com as ouvidorias, auditoria e apresentado os principais problemas das instâncias deliberativas (conselhos e conferências). Os desafios postos são bem complexos e disso depende uma parte da garantia da participação popular. 
A segunda mesa da manhã, foi também sobre Participação popular e SUS: os avanços necessários, agora com os acadêmicos - Sarah Escorel ((ENSP/FIOCRUZ) e Claúdia Bogus (USP).  Sarah Escorel baseou sua apresentação em duas pesquisas: uma referente às conferências e conselhos no Brasil, feita por um orientando do doutorado, com números bem significativos da dimensão e capilaridades destas instâncias bem como de suas fragilidades para se tornar efetivamente um órgão de controle independente e autonomo. Por exemplo: dos 5.564 municípios brasileiros em apenas 265 os conselhos tem orçamento próprio, 906 possuem estrutura física e 940 pessoal de apoio específico. E a outra pesquisa é da propria Sarah junto com outros pesquisadores sobre a produção científica no Brasil  sobre participação social/controle social e creiam, entre 2005 a 2009, se produziu no Brasil apenas duas teses por ano (em média) e 20 artigos em revistas de menor classificação pela CAPES. Claúdia Bogus apresentou uma pesquisa que coordenou sobre conselhos na cidade de São Paulo (e aqui não foi só de Saúde pois ela queria avaliar a relação entre participação e promoção de saúde) e apontou dados relevantes, entre os quais destaco a questão do perfil sócio-econômico dos conselheiros, bem diferente dos representados e da população em geral, a questão da representatividade legítima e a intersetorialidade. 


Oficina sobre Metodologia da pesquisa em política, planejamento e gestão.
À tarde participei de uma oficina. Um prazer ouvir a Cecília Minayo, Carmem Teixeitra, Mabel, Jairnilson, Sarah Escorel e tantos outros pesquisadores - ícones para a Saúde Coletiva pela produção científica e pela história de luta na saúde brasileira. E a oficina foi feita a partir de colocações de seus participantes que se concentraram, sobretudo, na epistemiologia da área de política de saúde. Tangenciando a discussão de como se constrói o corpo teórico tão híbrido da Ciência da Política de Saúde, cogitou-se a necessidade da área de conseguir reconhecimento enquanto área do saber e inserção de divulgação nas grandes publicações e, para isso, foi consenso nas discussões a necessidade de sistematizar para área de política desenhos metodológicos, aprofundamento nas teorias de conhecimento e de estudos teóricos que crie uma massa consistente de referenciais específicos, conceitos e métodos próprios. Outra discussão que fluiu bem na oficina foi o fato do pesquisador em política está numa relação de vínculo intrínseco com os serviços e realidades pesquisadas - aqui o destaque foi a excessiva produção que relatam casos de sucesso e fracassos dos serviços e sistemas sem a criticidade e o rigor metodológico que a caracterizam os estudos científicos. 
Aqui encerro meus relatos sobre o Congresso espero que tenha atingido o objetivo de socializar com vocês esta experiência enriquecedora.


Abraços cordiais,


Alexsandro

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